Eu sempre digo que fui criada da melhor forma possível, mas confesso que não lido bem com "nãos", desde que me conheço por gente tento transforma-los em "sim" a todo custo.
E onde eu quero chegar com isso? Quero chegar no dia de hoje, uma terça-feira de dezembro na qual eu me dei conta de minha autodestruição. E por incrível que pareça não é a primeira vez que sinto vontade de me desligar do mundo e viver no meu casulo apenas porque eu descobri que as coisas nem sempre são da forma que eu gostaria que fosse.
Sabe, eu sempre acho que já aprendi bastante, mas só percebo que sou nova demais, inexperiente demais, esperançosa demais e tola demais. E isso nos leva novamente a autodestruição, aquela que me desliga de todos os planos que criei e de todas as pessoas que não disseram sim.
E então eu me dei conta que vivemos sempre o mesmo ciclo. Eu ainda escrevo em blocos de notas e as pessoas ainda são previsíveis.
Você já reparou que nesta cidade sempre tem a mesma coisa banal para fazer no final de semana? E essa coisa banal é a mesma coisa que a sua mãe fazia nos fins de semana há 20 anos atrás? Na sua escola tem sempre o cara bonitinho que vive por status e as mesmas garotas fúteis que vivem por aparência e daqui há alguns anos você trabalhará em um lugar que também terá um cara que vive por status e uma mulher que não aceita a idade que tem e vive de aparência.
É sempre o mesmo ciclo e isso tem me tirado o sono, pois me sinto estranha ao perceber que os caras que estudaram comigo ainda pensam igual e que as garotas ainda vivem da mesma forma.
E eu tenho 20 anos e quero ser melhor, fazer melhor, ter o melhor e eles tem seus 20 e poucos e vivem da mesma forma que viviam há anos atras. O ciclo é o mesmo, as pessoas são as mesmas, o lugar é o mesmo, mas eu não sou a mesma.
Coisas estranhas tem acontecido comigo, sempre fui a menina de gênio forte e olhar serrado mas agora tenho medo do mal causado aos outros quando minha raiva vem à tona.
Não consigo mais camuflar minha raiva, ela toma conta de mim enquanto o meu corpo aquece e a lucidez parece andar numa corda bamba. Nesses momentos, sou eu contra mim, tentando não deixar a lucidez escapar.
Dentes serrados, punhos fechados, garganta ardendo e olhos fervendo.
Eu não consigo controlar essa raiva, eu a sinto o tempo todo. Acho que esconder sentimentos tem suas consequências.
Sou uma das milhares de pessoas que passaria um dia inteiro escutando a chuva tocar o telhado da casa enquanto toma a quarta xícara de café e lê pela milionésima vez a página trezentos e oitenta e dois de seu livro favorito.
Ler me dá vontade de escrever e escrever me da vontade de viver e viver me da vontade de escrever, tudo em minha humilde sobrevivência acaba na escrita.
Chá gelado no calor, café fraco no frio. Cinco ou seis livros e três revistas esperando pela minha leitura no armário lilás embaixo da minha cama.
Enquanto eu escrevo nada além de mim existe, é como se eu por instantes pudesse conversar com a outra garota que reside em mim. Eu escrevo rascunhos, em um guardanapo usado ou em um belo papel de cartas, não importa onde, em qualquer lugar me transformo em palavras.
Eu quero escrever sobre escrever, pois quem escreve com o coração não tem segredos, tudo se torna palavras.
Talvez ele estivesse com medo de dizer que esta cansado da minha metamorfose e que esteve muito bem sem mim neste mês que estive fora. Ou talvez ele tenha tentado me explicar que não aguenta mais essas minhas viagens e jogar na minha cara que elas são apenas pretexto para me distanciar dele.
E eu sei que ele esta certo, sei que ele cansou de insistir em mim e sei também que não é amor.
Talvez ele venha me dizer que eu preciso parar de distanciar as pessoas e depois voltar a trás, e que meus palavrões não vão tornar suas frases maiores ou prolongar o assunto. Talvez ele queira chacoalhar os meus ombros, abrir os meus olhos e me fazer enxergar os sinais.
E ele esta certo, porque eu não tenho coragem de lhe dizer o quão feliz eu sou por tê-lo por perto. Eu esqueço de dizer o quão especial as pessoas são para mim e o quanto eu as amo e as quero aqui.
E ele esta certo por, mesmo sem querer, me mostrar que nenhum dia irá se repetir e que amanhã, semana ou mês que vem pode ser tarde.
Título inspirado na música "Talvez" da Clarice Falcão.
Eu já perdi as contas de quantas vezes já me perguntaram “O que é amor?” e eu também vivo me questionando a respeito disso, nós temos o infeliz costume de confundir os sentimentos.
Amor, para mim, é ter vontade de abraçar uma pessoa sem motivo algum, apenas por ela estar ali com você e ser o que é. Também é querer conversar o dia inteiro sobre nenhum assunto especifico e atualizar a caixa de entrada toda hora em busca de um e-mail daquela pessoa.
Amor é a louca mistura de sentimentos que tenho por meus familiares, amigos e animais, é querer proteger alguém do mundo e se sentir feliz por ela estar feliz. É valorizar alguém mais do que qualquer bem material, é sentir raiva, alegria e ansiedade em menos de meia hora de conversa, é querer amar os defeitos tanto quanto as qualidades, é brigar e rezar para ela pedir desculpas e você fingir pensar em aceitar.
Amar é quando uma pessoa entra na sua vida e se torna indispensável sem que você perceba, é fazer o bem e recebê-lo sem nunca esperar. É fechar os olhos e não ter dúvidas de que a pessoa irá te guiar para o caminho certo, é abrir os olhos de alguém para mostrar que sempre temos mais de um caminho a seguir.
Amar é se arriscar, é viver uma troca de gestos e sentimentos, mas amar não é e jamais será dar o pescoço para uma pessoa pisar.
Eu acordei com barulho de vento cantando em meus ouvidos, estava tão frio que eu podia jurar que os meus ossos estavam congelando, ainda de olhos fechados toquei o que devia ser a minha cama e me deparei com inúmeras folhas molhadas e... lama?
Abri os olhos imediatamente e quase não reconheci o local de tão escuro que estava, deixei minha vista se acostumar com a ausência de luz e logo pude olhar em volta, parecia uma floresta, a terra abaixo de mim não estava tão úmida quanto imaginei, mas o frio chegava a me causar dores, haviam muitas árvores e a única fonte de luz era a lua.
Olhando mais atentamente vi um vulto negro a poucos metros de distância, por instinto esfreguei as mãos em meus braços para aquecê-los, me arrependendo de não ter colocado um casaco antes de ir dormir. Soltei um riso abafado e balancei a cabeça lentamente após perceber o quão estúpido foi o meu pensamento, em seguida voltei a minha atenção ao vulto.
- Er... Olá! Quem é você? Onde nós estamos? – Perguntei insegura.
Por um milhão de instantes achei que ele/ela/aquilo não iria me responder, foi então que ele soltou um som alto e estranho, não me movi e tentei lembrar de onde conhecia aquela voz. Lembrei. Sem pensar duas vezes levantei num salto e tentei me aproximar dele, cada passo que eu dava em sua direção, ele dava para longe de mim, quando dei por mim estava correndo atrás do vulto, esbarrando em árvores, caindo sobre pedras e chamando por seu nome escandalosamente.
Algumas vezes desistia de correr e cuidava de meus ferimentos, então ele se aproximava lentamente e alguma coisa me fazia correr mais um pouco para alcança-lo. Passei tanto tempo correndo e esbarrando em coisas que minha camisola rosa estava repleta de sangue, eu não conseguia mais distinguir o que era frio e o que era dor, então eu chorei, corri, esbarrei em mais árvores e mais pedras antes de desistir, antes de me afastar do vulto negro e tentar esquecer a sua presença.
Algumas pessoas são assim, elas sentem prazer em nos ver correndo atrás delas, mesmo que isso nos machuque. E quando desistimos elas se aproximam, alimentando nossa esperança e nos fazendo correr ainda mais.
Uma vez alguém me disse que ninguém me conhece 100% e foi como levar uma balde de água fria. Hoje eu vejo o quão superficial eu consigo ser, como um animal que sabe exatamente a hora de alimentar a presa e a hora de comê-la.
Parece grosseiro, eu sei, mas é quando sinto minha garganta seca e um nó em meu coração que percebo o quanto preciso falar, gritar e me mostrar. Eu não falo de verdade com alguém faz anos, porque eu perdi meus companheiros em uma guerra e porque sempre que abro a boca para tentar explicar o que se passa dentro de mim as pessoas não entendem bem.
Eu engulo elogios, grosserias, carícias, eu engulo sapos e nada até então me fez cuspi-los. Nada e nem ninguém nos últimos anos se mostrou suficiente para escutar meus monólogos, talvez os meus antigos companheiros tenham levado um pouco de mim com eles e o que restou foram os 30% que consegui revelar.
Fiz uma promessa de permanecer firme e percebi que o tempo me transformou em um soldado que vive de guarda.
Eu não bebi noite passada, mas sinto uma ressaca terrível, minha boca está seca e minha cabeça dói.
Acho que me embriaguei com sua presença, fazia tanto tempo que não a tinha que jurei ter superado o vício.
Talvez seja algo dos céus, esse sentimento que me puxa para você, que me embriaga, que me rasga o coração.
Eu juro que é ressaca de você, respirar o mesmo ar que o seu enquanto o vento fazia meus cabelos dançar com certeza me embriagaria, pena que não percebi antes, que não corri para longe ou desviei o olhar.
Desculpe a minha sinceridade, mas você não costumava ser mais alto? Nossa, olha eu que te conheço há tanto tempo me desculpando por ser eu mesma!
Eu costumava chorar os meus dramas no seu colo, você lembra? E ria da sua cara sem medo da sua reação... Hoje eu tenho tanto medo de você e suas inesperadas reações, ás vezes acho que outra pessoa tomou conta do teu corpo, mas ai os seus olhos dizem que estou ficando louca. Talvez eu esteja, seja, veja apenas o que quero ver.
Olha, não me leve a mal, mas quando foi a ultima vez que você me levou a algum lugar? Talvez tenha sido lá que nos perdemos, a maré podia estar alta e o aperto de nossas mãos fracos.
Ok, deixa para lá. Não foi apenas a cor dos meus cabelos e o seu jeito de se vestir que mudou, nós mudamos também, não somos os mesmos, tomamos caminhos distintos e toda vez que pego um atalho para te encontrar, me arrependo.
Eu queria te contar como foi me isolar e cair de paraquedas dentro de mim mesma, mas eu não sei como aconteceu, talvez seja um sonho, espero que seja um.
Sinto-me como se tivesse dentro de uma caixa de sapato. Ando tão cansada, um cansaço mental que torna esta caixa gigante demais às vezes. Outras vezes luto para sair dela, quase que rasgando o meu corpo, implorando a mim mesma para sentir, chorar, viver e não se esconder nesta maldita caixa, onde ninguém pode me tocar, mas onde as memórias podem me torturar.
Ás vezes sinto que poderia sem esforço algum me desligar do presente, pois nada sinto por ele.
Eu adoro mãos com dedos finos e cumpridos, pequenas, grandes ou com dedos gorduchos como os meus.
Meus avós são meus anjos e sempre me ensinaram que eu não precisava ter medo nunca, desde que houvesse uma mão entrelaçada a minha, pois isso significa que há alguém ao meu lado disposto a me proteger.
Hoje passeio por ai observando atentamente inúmeros pares de mãos, não só pelo fato de seus gestos dizer muito sobre tal personalidade, mas também pelo encanto que me prende a observar. Eu defendo a teoria de que suas mãos podem dizer sobre você, elas mostram mais do que idade, mostram tudo pelo que passou e até pelo que vai passar.
Dia desses observei o quão rasuradas minhas mãos estão, como se tudo o que eu passei tivesse sido escrito sob elas e isso me assustou, mas lembrei dos meus avós e dos pares de mãos nos quais posso entrelaçar as minhas, isso me acalmou e me assegurou que não estou sozinha.
É só um fascino por mãos, mas se você entender pode ser muito mais.
Dedico este texto ao anjo de mãos frias e coração quente que por anos esteve ao meu lado,. À ti, todo o amor do mundo! Inclusive o meu.
Hoje acordei com uma dor de cabeça insuportável, passei metade da manhã ensaiando para levantar da cama e outra metade tentando entender o porque desta dor, eu não sou do tipo que tem enxaqueca e raramente sinto dor de cabeça.
O tempo que levei pensando nisso me levou a várias coisas, muitas delas foram acontecimentos recentes em minha vida, eu cheguei a pensar no certo e no errado e no que eles significam para mim, pois eu sou aquariana, vivo em dois mundos: o meu e o das outras pessoas e muitas vezes acabo me perdendo entre esses mundos.
Tal monólogo mental me fez criar alguns objetivos nos quais a única beneficiada sou eu, tentarei ser melhor para mim, e com isso melhor para os mundos.
Eu não quero odiar nada e ninguém, eu quero perdoar. Eu não quero falar demais, eu quero ouvir. Eu não quero julgar e não quero ser julgada. Eu quero amar quem merecer amor e quero dar mais chances às pessoas que também me dão.
Eu sei que o ano começou faz um tempo e que costumamos fazer planos e traçar objetivos no início deles, mas eu acredito que nunca é tarde para nada. Venha comigo, embarque no meu barco, vamos em busca do remédio para toda essa dor de cabeça, vamos em busca da realização pessoal.
Leia meus textos também no Muito Além.
Queria escrever para contar como os dias tem passado devagar, parecendo semanas. E contar também que não tenho mais te visto em meus sonhos ou cantarolado nossas músicas.
Amor, eu queria escrever para dizer que ainda te amo, mas que você não é mais meu amor e isso me amedronta. Afinal, em quem vou pensar quando assistir comédias românticas ou escutar músicas tristes? Sobre quem vou falar quando perguntarem sobre amor?
Eu não sinto mais saudades e isso me dá dor de estomago e lágrimas de solidão, pois não acredito mais que nós podemos nos esbarrar na Paulista em um domingo à tarde daqui há 10 anos, ou que você perceberá que foi estupido o bastante para me deixar ir e voar quilômetros apenas para dizer que me ama e que tudo vai ficar bem.
Amor, quem eu vou chamar de amor? Com quem vou querer estar?
Eu só queria escrever para dizer que me sinto só, mas que você não deve se importar porque você é uma das pessoas com quem eu menos gostaria de estar. Queria lhe enviar uma paz incondicional e dizer que você passou e eu também.
Amor, antigo amor, eu queria escrever para dizer que estamos livres para sermos felizes, assim, separados, ou juntos de outro alguém.
Espero que esse frio na barriga passe e que borboletas possam substitui-lo, borboletas e um novo amor.
Beijos e adeus,
Do seu antigo Amor.
Recebo todos os dias listas de atividades que devo fazer até o fim da noite, sou cobrada por minha família, meus amigos, meu chefe e por mim. Nunca quis viver uma vida que não fosse a minha, mas foi o que fiz durante muito tempo.
Sempre tentei fazer o certo, mesmo sendo o tipo errado de garota. Eu tentei ser boa filha, boa aluna e boa menina, mas vivi durante tempos tentando conciliar tudo o que eu queria com tudo o que esperavam de mim, o tempo todo as pessoas esperam coisas de mim.
Fui criada para ser a princesa da corte, devia ter cumprido todos os desejos do Rei e da Rainha, mas nunca quis uma vida de comercial de margarina ou um príncipe encantado que não desce do muro.
Lembro-me do script que a Rainha criou há 20 anos atrás, nele meus passos eram trassados e meus objetivos também. Foi aos 15 que a coroa pesou e entendi que não queria ser uma princesa e que viver na corte não era mais seguro, então trassei meus próprios passos e meus próprios objetivos.
Hoje luto todos os dias para ser o que quero ser sem decepcionar o reino. Ás vezes ando torto e sem jeito, a coroa pesa, mas é o preço que se paga pelo amor do Rei e da Rainha.
Eu não gosto de gente que mente descaradamente, de gente que brinca com os sentimentos da gente, de gente que se esconde atrás do muro e de gente que não é de verdade e tem vergonha de ser.
Eu não gosto de quem vive na corda bamba e vez ou outra te derruba dela, de quem maltrata sem razão para maltratar, de quem usa o corpo para ter amor e o cérebro só por usar, nem de quem amaldiçoa a vida só por amaldiçoar.
Eu não gosto e não quero gostar.
Se eu pudesse dar um presente para cada ser que vive neste universo, eu daria os três itens essenciais para um bom caráter: Amor próprio, humildade e compaixão.
Eu não gosto de gente que não dá valor para os esforços que a gente faz, e nem de quem maltrata a gente e faz a gente se sentir mal por algo que não é nossa culpa.
Eu não gosto, não sei e não quero gostar. Mas uma coisa eu aprendi: eu não gosto de quem não sabe gostar.
São 20 primaveras, me disseram. São duas décadas e eu mal me lembro de uma! O tempo esta passando tão rápido que ás vezes eu me perco.
- Olá, eu tenho 20 anos.
Soa tão estranho... Eu queria ter 16 ou 17! Que injustiça aconteceu, eu me distraí com a vida e o tempo passou num estalar de dedos.
Mas sabe qual é a parte boa de tudo isso? É olhar para vida e ver o tanto de pessoas que querem o meu bem e poder festejar com elas, colecionando lembranças.
Lembro-me que meus avós tinham os olhos brilhando de lágrimas traiçoeiras durante a cantoria de “Parabéns para você”. Os meus amigos estavam espalhados por todos os cantos sorrindo tão confortavelmente que tive vontade de abraçar cada um deles durante uma hora, minha mãe abriu aquele sorriso que toma conta de todo o seu rosto, deixando os teus olhos tão pequenos quanto os meus, enquanto minha irmã a imitava sem perceber. A minha família estava dividida entre o lado esquerdo e direito, entre orgulhosos e felizes e felizes e realizados.
É muito bom tê-los comigo no dia em que um furacão toma conta do meu estômago, afinal, são 20 anos!
Ás 23h do dia de hoje no ano de 1993 eu nasci, gordinha, cabeluda e rosa. Todos acharam que eu era um menino e meu enxoval foi azul, que por sinal é minha cor favorita. Meu primeiro apelido foi "Pica-pau", por causa do cabelo espetado pra cima.
Um ano depois eu tinha uma roupa de Branca de Neve, uma festa cheia e uma família bajuladora. Nos anos seguintes eu fui a Bela, a Cinderela e tive cortes de cabelos horríveis. Minha infância foi pura magia e imaginação, acreditei em Papai Noel, Coelinho da Páscoa, Bruxa, Bicho Papão e ainda acredito. Eu tive uma família instável e briguenta, mas também tive muito amor.
Minha adolescência foi cheia de descobertas. Descobri o Rock and Roll, a amizade, o amor, o gosto de um beijo, a solidão, o valor da família, as crueldades da vida e a felicidade.
Hoje eu completo 20 anos! Não sou mais bebe, criança ou adolescente... Eu sou uma adulta! Mas eu queria ser pra sempre uma adolescente que faz descobertas. Hoje eu devia estar feliz e talvez eu até esteja, mas eu quero chorar e voltar para os dias em que tudo era mais fácil.
Agora eu tenho 20 anos e isso me dá calafrios. Estou com medo, sou adulta e não sei fazer café na cafeteira ou lavar roupas coloridas na máquina de lavar! Durante todos esses anos eu deixei pedacinhos meus pelo caminho, mas quando olhei para trás percebi que alguém os recolheu enquanto me distrai.
Tem furacão na minha barriga e uma tempestade em meus olhos, tudo porque hoje eu faço 20.
Ás vezes eu só quero sentar no chão ao som de uma música calma, fumar um cigarro, cantarolar um tanto, balançar meus pés descalços no chão frio e só deixar o tempo passar.
Reclamo da solidão, mas é nela que me encontro, é nela que escrevo.
Se o meio termo existe, é dele que preciso. Viver de extremos está me matando.
Eu não queria abrir os olhos, queria, como de costume nos meus sábados de folga, virar para o lado e pegar no sono novamente. Mas senti um corpo pesando no lado direito da cama e antes que pudesse evitar dei um salto de susto.
Bom dia, meu amor! - Disse ele com um sorriso de orelha a orelha, como se fosse extremamente normal ele estar ao meu lado naquela cama emprestada.
Q... Qu... Quê? - disse tentando formular uma frase, sem sucesso.
Também senti sua falta, e a propósito, você esta linda! - Ele disse enquanto eu fazia caretas tentando expressar a confusão em minha mente.
Ok. ok. Isso é um sonho e é óbvio que você não entrou pela porta da frente! Pode ter sido a tequila de ontem ou quem sabe os remédios que tenho tomado nos últimos dias. - Eu tentava de qualquer forma explicar a cena que estava presenciando.
Relaxa amor, você esta muito tensa. O que você fez no cabelo? Esta muito diferente.
Eu cortei, tingi, escovei. - Disse pegando um punhado de cabelos para que ele pudesse concordar. De repente me dei conta do que ele estava fazendo. - Nem vem, para de sorrir assim e me explica logo o que esta acontecendo aqui!
Eu vim te visitar, ué. - Ele disse inclinando a cabeça para a direita.
Não, você não veio. Você não esta aqui e eu estou enlouquecendo! - Disse fazendo um grande esforço para não gritar.
Não esta enlouquecendo... Mas normal você nunca foi. Enfim, eu só queria ver como você estava... - E então ele sorriu como se isso mudasse tudo o que tem acontecido.
Eu não disse nada, isso tudo estava muito estranho para o meu gosto, se ele me dissesse que na verdade se chama Edward Cullen e é um vampiro, eu não me assustaria. Depois de segundos que mais pareceram horas tomei coragem, levantei meu rosto e fixei meus olhos nos dele.
Seja o que for que você esteja fazendo, eu não estou gostando e vou te processar por invasão de privacidade! - Eu gesticulava tanto que parecia falar em libras.
Jully, por favor não me entenda mal, eu realmente senti muita saudade e eu sinto muito por tudo o que aconteceu... Eu sinto que estou desaparecendo, que você está me esquecendo e não posso admitir isso, você não pode fazer isso comigo! - Uma faísca vermelha em seu olhar fez meus pelos da nuca arrepiar, mas ainda assim prossegui.
Eu não sei o que dizer... Você espera que eu diga que sinto muito? Mas eu não sinto. Eu não te quero mais e... Acabou a fixação que senti por você, entende? Você não brilha mais, não me parece especial como antes e...
E ele me beijou. Foi nesse exato momento que entendi que nada do que vivemos jamais será apagado de nossas vidas, mas que nosso tempo acabou, nós acabamos.
Eu queria abrir os olhos e acordar daquele sonho e foi isso que fiz, o pequeno peso do lado direito da cama se levantou e lambeu meu rosto, miou carinhosamente e me fez suspirar.
Enfim acabou. - Disse baixinho de modo que só eu pudesse ouvir.
Título baseado na música "Till The Morning Light" da banda College 11.
Eu demorei para admitir que meus melhores amigos nunca foram os melhores e que o amor incondicional que pensei sentir era apenas presencial.
Você também deve ter passado por isso, traçar uma vida perfeita ao lado de um irmão de coração e tudo desmoronar em seu colo, mas acredite, quando isso aconteceu comigo a vida me mostrou pessoas cujo o brilho fora escondido.
Minha mãe nunca me apresentou sua melhor amiga, mas inúmeras velhas amigas, foi então que entendi o quão simples a vida pode ser, mostrando-me que só quem irá dizer quais são os melhores é o tempo, afinal, apenas os melhores permanecem.
E lembram da estante em minha mente? Ela foi redecorada e reordenada.
Não vou choramingar pelos cantos porque alguns pedaços meu ficaram para trás, passou e graças a Deus eu aprendi que o tempo cura. Eu dei adeus, mesmo sem querer e gosto mais de mim por isso.
Pensei em ler um bom livro, escutar uma ótima música ou sair para passear na praia, mas acabei aqui, sentada nessa cadeira desconfortável perdida em pensamentos e rabiscando sem parar um folheto de propaganda.
Pensei em escrever para contar como a vida mudou e como eu acabei mudando junto, mas lembrei da promessa que fiz de não ligar, escrever ou chorar.
O tempo passa e nós passamos, não existe mais nós, apenas eu e você, tão distantes como planetas ou galáxias distintas.