Como foi seu dia, meu amor?

By Jully Andrade - 16:51


Você perguntava com tanto entusiasmo que era impossível não me sentir especial.

Foi bom, e o seu? – Respostas curtas, eu sabia exatamente como te testar.

Só bom? – Eu imaginei uma careta e segurei o riso.

Ok. Entendi. Você quer mesmo saber todos os detalhes? – Eu sabia que você precisava saber, era como se lhe tornasse ainda mais importante. Só que eu não gosto de falar, todos sabem, meu negócio é escrever para mim e escutar os outros.

Sim, meu amor. Eu quero saber de todos os detalhes! – Eu imaginei um sorriso e sorri junto.

Então tá bom, vai... Eu acordei com o cabelo todo bagunçado, ao olhar-me no espelho cheguei a pensar que era outra pessoa ali... – Eu ia tagarelando sem parar, e não me incomodava nenhum pouquinho quando você ria e fazia seus comentários.

Que exagero, aposto que você ainda estava linda. – Você e sua mania chata de me elogiar até quando estou certa.

Não, não estava! Até minha mãe se assustou! Por falar na minha mãe, nós ainda estamos brigadas... Eu não quero voltar a falar com ela, estou muito chateada, e juro que não é orgulho. – Então eu fiz uma das minhas caretas.

Tem certeza que não é? Você é muito orgulhosa, Juliana. – Às vezes você se sentia na obrigação de tomar o papel de pai.

Eu juro. Eu juro, mesmo. Eu estou cansada dela querendo viver a minha vida! Sabe o que me dei conta hoje? Ela tinha a minha idade quando engravidou, ela está querendo viver minha vida por que a dela deu errado! – Eu e minhas teorias. Acho que seria uma boa escritora, minha mente cria tantos motivos, tantos fins para uma única história.

Ela é sua mãe, amor. Dá uma chance. – Nós e as brigas com nossas mães.

Tá bom, eu vou tentar. Mas, então, continuando... Eu me arrumei para o estágio, almocei, e acredita que a minha irmã fez a comida hoje? O arroz estava duro, e a carne meio queimada. – Eu falava rindo como uma criança.

Coitada, amor! O que vale é a intenção. – Ele não ia conseguir segurar o riso por muito tempo, eu sabia.

Eu sei, eu sei. Eu nem reclamei. Até comi uns doces antes de sair de casa, eliminei o gosto estranho! A propósito, ganhei um monte de chocolates lá... Amo páscoa!

Você devia amar as pessoas que lhe deram, não acha? – Você estava usando aquele tom de pessoas experientes que quase me irritava.

Pessoas não. Páscoa sim. – Eu sabia que neste exato momento você balançaria a cabeça de um lado para o outro, em sinal de reprovação, mas eu não ligava, eu sempre fui verdadeira contigo e apesar das brigas você me aceitava. – Enfim, fui para a faculdade só para assistir uma palestra, e essa foi muito chata, me decepcionei.

Mas foi tão ruim assim? – Eu amava o seu interesse, mesmo quando era por coisas que não te agradariam, mesmo quando era apenas sobre mim.

Sim! O palestrante só disse besteiras. Mas tudo bem, quando cheguei em casa tinha um monte de chocolate para amenizar a minha frustração. Ah... E eu cozinhei para todo mundo! – E o orgulho nem se disfarçou na frase.

Você cozinhou? Mas amanha é feriado, eu queria tanto um sol! – Você me conhecia tão bem que sabia de cor as frases que me deixariam boquiaberta.

Não me zoa. Ficou muito bom! Até meu padrasto comeu... – E eu me perguntei mais uma vez por que eu sempre queria ser a melhor quando se tratava de você.

Agora eu acredito que ficou bom. – Era tão raro te ver ironizando, impossível não sorrir.

E ficou. Estou pronta para casar! – Sorri ironizando.

Sério? Até que enfim! – Acho que você nunca iria aprender quando eu estava sendo irônica. Tudo bem, era injusto brincar com seus sonhos.

É brincadeirinha. Casamento só daqui a 20 anos, não esqueça. – Eu sempre deixei claro que meu maior desejo sempre foi ser livre, por tanto, cultivo ele como cultivo a vida.

Chata. – Não era apenas brincadeira, mas como você, eu não queria discutir.

Besta. – Disse entre risos.

Besta és tu. – Gargalhamos juntos.

Não sou. – Disse usando meu bico mais persuasivo.

Ok. Não é. Eu te amo tanto... – E então corei ao ouvir mais uma vez a minha frase favorita, que você tanto repetia.Eu sempre vou te amar. – Promessa a qual nem seis meses puderam desfazer.

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