Eu estou tão insegura.
A verdade é que me tornei o ser mais inseguro do mundo e a culpa é toda sua. A culpa sempre foi sua, mas assim como tua bagagem tu a deixou para trás, deixou para que eu cuide.
Tu foi embora e deixou o quarto bagunçado, faz meses que estou dobrando lágrimas e colocando-as em suas respectivas gavetas, limpando a raiva com desinfetante de lavanda, lustrando as memórias e organizando a dor.
Mas a bagagem, a tua bagagem voou janela abaixo, assim como tuas mentiras. E vira e mexe eu sento na varanda para observa-las jogadas na calçada, emboladas com outros tantos sentimentos.
Há dias em que as únicas coisas que me importam somos nós, separados por milhões de quilômetros, meu cigarro e tuas bebidas. Porque tu foi, eu estou indo, mas o amor ficou.
O amor ficou? Ficou. Um bocado contigo, outro bocado comigo e o resto foi dividido entre todos aqueles que viveram ele conosco.