O rímel já manchou o rosto, marcando o caminho por onde as lágrimas passaram. A dor é semelhante a espinhos sendo enfiados um a um em minha pele, no início o incômodo é terrível mas com o tempo torna-se apenas mais uma dor.
Não posso negar, nosso amor se tornou uma doença. Ora boa, ora ruim. Uma doença na qual você é a cura. Ora machuca, ora bani tudo de ruim.
Não dá pra contar nos dedos os conselhos que dizem “Você deve se afastar”, mas enquanto isso meu coração diz que só preciso me aproximar mais.
Texto escrito coincidentemente em Setembro de 2011.
Eu quero escrever, mas estou magoada demais para dizer o porque de tanta confusão. Disseram-me que eu afasto as pessoas e há dias que isso não sai da minha cabeça.
Eu quero amar, mas não sei como se faz isso. São olhos bonitos, braços fortes e toques suaves, são palavras e momentos sem importância alguma.
Eu quero viajar o mundo com uma mochila colorida e uma maquina fotográfica, mas eu não tenho dinheiro e muito menos coragem. Conhecer lugares e pessoas, uma emoção a cada dia e o abandono.
Eu quero aprender a desligar a frieza e controlar as emoções, mas ainda não aprendi a desligar o passado e o medo.
Queria apagar toda a intimidade e confissões que lhe fiz, queria sentar na areia e deixar minha vida seguir com as ondas.
Não adianta lhe dar meu ar e meu sangue, pois assim como eu, você sempre quer mais.
Essa noite eu resolvi usar a minha saia preta favorita, uma camisa de renda que comprei a poucos dias, sapatos de saltos, maquiagem escura e o tão conhecido batom vermelho, ao me olhar no espelho entendi o por que dos olhares tortos: eu realmente pareço alguém que não tem problemas.
Me disseram diversas vezes que essa constante busca pela liberdade era admirável, que a coragem estampada na feição de meu rosto era bonito de se ver.
Desculpe-me, mas não entendo essas pessoas que se escondem dentro do armário enquanto o sol brilha demais, que abaixa a cabeça para as injustiças e nunca diz o que pensa. Eu não entendo o por que de tenta reclamação e desculpas, quando tudo o que temos e somos são resultado de nossas escolhas.
"Ah, mas não é tão simples assim". Eu entendo que não é, noite passada sentei no chão frio com a cabeça latejando de dor de tanto que busquei por respostas, mas no final escolhi ser eu. Eu sei que existem pessoas que se incomodam com o que sou ou com o que faço, sei que muitos me criticam e tagarelam sobre minha vida quando não estou por perto, mas aprendi a não me incomodar, pois escolhi ser eu mesma e não ser o que querem que eu seja, eu escolhi ser livre.
Escolhas no dicionario significa escolher (selecionar, adotar, optar, preferir, eleger) e temos que fazer isso o tempo todo, então essa noite eu escolhi rir na cara daqueles que se escondem do que realmente são.
Eu nunca te olhei e vi um futuro, entende? Mas existe uma pressão vindo de todos os lado e tem sido tão frustante viver na corda bamba e tão longe, assistindo tua vida e não mais fazer parte dela.
Eu sei que vivo num mundo que só é habitado por mim, vejo o que ninguém mais vê e não nos vejo.
Minha mente viaja em histórias e fantasias enquanto eu viajo para longe, um passo de cada vez, deixando rastros para que me encontrem, sem entender o por quê de sentir o que sinto.
O título é um trecho da música 'Don't speak' da banda No Doubt. Foi reeditado em 2017.
Dia desses minha chefe me enviou um e-mail com o assunto "Prioridade", pensei que fosse um daqueles cheios de gifs e frases feitas, então entre os 30 e-mails em minha caixa de entrada demorei um tanto para abri-lo, confesso que o deixei por último.
Estava engana, como tanto tenho estado nos últimos dias, o e-mail não era um dos mais gentis e a escrita não era das melhores, mesmo sendo escrito com minha cor favorita não me fez sentir melhor. Ela dizia que não sei priorizar as coisas que realmente são importantes, fez uma lista de 1 à 5 para 'facilitar' a minha organização.
Fiquei chateada, passei a maior parte do dia pensando sobre o assunto. Como pode uma garota de 19 anos que se diz tão madura não saber priorizar o que realmente é importante?
Eu tenho uma mania insuportável de manter meu quarto extremamente desorganizado, faço de propósito, jogo roupas em cima do baú, embaixo da cadeira e na estante. E é claro que isso tem um propósito, minha mente tem mania de organização, tenho inúmeras estantes com números na lateral, em ordem crescente organizo de maneira sentimental as coisas, pessoas e sentimentos.
Quis chorar para mostrar o quanto lamentava. Tantas pessoas importantes passaram e de forma grosseira foram colocadas desajeitadas na prateleira numero 10, outras tantas permanecem até hoje na prateleira 2 de forma carinhosa, mesmo não merecendo.
Então decidi reorganiza-las de modo que ninguém fosse esquecido e que aqueles que arrancam pedaços sejam de forma sutil jogados no baú da memória.