Estou nesse trem há alguns anos, se você embarcou nele junto comigo deve se perguntar em que momento mudei tanto. Bom, às vezes nem eu sei.
Como todos os trens esse teve suas paradas, desceu e subiu bastante gente, levantar do meu assento e transitar pelos corredores foi a melhor ideia que tive, foi tanta gente para ensinar e muitas outras com quem aprender.
Tiveram paradas tão tristes, chorei escorada na janela, às vezes tão brava que nem acenei para me despedir, hoje me arrependo. Mas também, tiveram tantas paradas incríveis, pessoas que trouxeram luz, sabedoria e abraços difíceis de esquecer. Teve gente que me roubou! Gargalhadas, medos, inseguranças... Algumas me roubaram coisas que achei que eram valiosas, mas hoje quase não tem importância.
Conheci lugares maravilhosos, alguns não estavam no mapa, mas eram sempre grandes e quentinhos como um coração. Alguns lugares grudaram em mim de forma tão singular que viraram roteiro dessa viagem que sou.
Nas noites de tempestade o trem chacoalhava, ruía e quase parava, mas nunca parou. Quando quebrava, tinha sempre um passageiro disposto a consertar, às vezes esse passageiro era eu mesma.
Acho que não estou, eu sou esse trem.