Eu acordei com barulho de vento cantando em meus ouvidos, estava tão frio que eu podia jurar que os meus ossos estavam congelando, ainda de olhos fechados toquei o que devia ser a minha cama e me deparei com inúmeras folhas molhadas e... lama?
Abri os olhos imediatamente e quase não reconheci o local de tão escuro que estava, deixei minha vista se acostumar com a ausência de luz e logo pude olhar em volta, parecia uma floresta, a terra abaixo de mim não estava tão úmida quanto imaginei, mas o frio chegava a me causar dores, haviam muitas árvores e a única fonte de luz era a lua.
Olhando mais atentamente vi um vulto negro a poucos metros de distância, por instinto esfreguei as mãos em meus braços para aquecê-los, me arrependendo de não ter colocado um casaco antes de ir dormir. Soltei um riso abafado e balancei a cabeça lentamente após perceber o quão estúpido foi o meu pensamento, em seguida voltei a minha atenção ao vulto.
- Er... Olá! Quem é você? Onde nós estamos? – Perguntei insegura.
Por um milhão de instantes achei que ele/ela/aquilo não iria me responder, foi então que ele soltou um som alto e estranho, não me movi e tentei lembrar de onde conhecia aquela voz. Lembrei. Sem pensar duas vezes levantei num salto e tentei me aproximar dele, cada passo que eu dava em sua direção, ele dava para longe de mim, quando dei por mim estava correndo atrás do vulto, esbarrando em árvores, caindo sobre pedras e chamando por seu nome escandalosamente.
Algumas vezes desistia de correr e cuidava de meus ferimentos, então ele se aproximava lentamente e alguma coisa me fazia correr mais um pouco para alcança-lo. Passei tanto tempo correndo e esbarrando em coisas que minha camisola rosa estava repleta de sangue, eu não conseguia mais distinguir o que era frio e o que era dor, então eu chorei, corri, esbarrei em mais árvores e mais pedras antes de desistir, antes de me afastar do vulto negro e tentar esquecer a sua presença.
Algumas pessoas são assim, elas sentem prazer em nos ver correndo atrás delas, mesmo que isso nos machuque. E quando desistimos elas se aproximam, alimentando nossa esperança e nos fazendo correr ainda mais.