Estava eu distraída, sentada desajeitada no meio de um grupo de garotas, o assunto não era nenhuma novidade: homens. É claro que não falamos de homens o tempo todo, ao contrário do que eles pensam, a nova coleção de sapatos é mais interessante.
Todas tínhamos rancor de nossos ex, uns traíram, uns mentiram, tantos fizeram ambos e vários roubaram bem mais do que a liberdade e os amigos.
O amor próprio esta em falta no mundo, para desespero geral ele não vende na farmácia.
E sentada no meio daquela enorme quantidade de hormônios, percebi que todas passaram pelas três fases: fim, enfim e até que enfim.
Primeiro se esconderam em casa durante semanas, quiçá meses, comendo uma tonelada de sorvete, assistindo "Um Amor para Recordar" enquanto aguardavam ansiosas a ligação que nunca acontecia.
Depois, motivadas pela amiga de saco cheio de assistir "New Moon" e se sentir abandonada por Edward Cullen e sua história sem graça, elas vão para balada. Usar aquela saia que ele detestava e a maquiagem que sempre criticava proporciona uma deliciosa sensação de liberdade, o que é maravilhosa, mas resulta em um gasto enorme em baladas, bares, restaurantes e garrafas de tequila.
Até que chega a terceira e última fase, aquela em que ela, até que enfim, percebe que o vizinho novo é mais gostoso que o ex, que o cara da faculdade conta piadas melhores e que o vendedor da TNG tem um sorriso/rosto/pernas/tudo melhor que ele. A saudade não vai embora, mas só vem nos dias inúteis.
O mundo volta a ser colorido e ela passa a odiá-lo por ter sido o causador de tanta gordura localizada, perda de tempo e do valor enorme na fatura do cartão de crédito.
Porque ser mulher é aprender a se amar depois de tanto amar.