Eu lembro do meu primeiro amor (o de verdade), que me impedia de dormir quando brigávamos e me fazia chegar no trabalho no dia seguinte com os olhos tão inchados de tanto chorar que mal abriam.

Faz anos que não sinto isso, essa intensidade no amar, a necessidade quase doentia de ter o amor de alguém voltado à mim.

Hoje são meus pesadelos reais que não me deixam dormir a noite, é meu cérebro defeituoso que me faz chorar, por causa de motivos trazidos pelos sinais anormais do meu corpo.

Lembro daquelas noites chorosas como se tivessem acontecido há uma centena de anos, inclusive já lembrei delas envergonhada, me sentindo tão fraca.

Se eu permitisse o amor como permitia naquela época, quais seriam os motivos da minha insônia? Que medos eu teria ao dormir? Será que ainda teria um cérebro defeituoso?

E há quem pense que a apatia é a salvação, mas descobrimos de forma quase cruel que a insensibilidade para com sentimentos externos tornam os sentimentos internos ainda mais audíveis.